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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Festa de Natal da Oficina


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 Na Oficina da Escola Santa Catarina - anexo

Brincadeiras!!!!



Professores e alunos







O Diego adorou a
lembrancinha












As professoras também.



















A professora Adrianinha veio na nossa festinha também!





A professora Ruth e sua aluna Ketrin se divertindo na festa.












Professora Regina e a supervisora Jaqueline provando nosso bolo.















Hum! Que delícia!






















Sílvia, Dilmei e Adriana














As lembrancinhas
















As organizadoras ProfªLizi (acima) e Aline(abaixo).





















































Aline servindo pipoca!

















Feliz Natal!!!! A festa foi um sucesso! Obrigada a todos que vieram nos prestigiar!







Oficina Pedagógica de Imbé

Sou professora do município de Imbé e atualmente participo do grupo de professoras oficineiras( que é excelente!)

Visite o blog!
  http://oficinapedagogica-maristela.blogspot.com/

Projeto Aprender Brincando - O que são as Oficinas Pedagógicas?


A Oficina Pedagógica é um projeto que entrou em execução no ano de 1997 sob a Supervisão da professora Sueli de Oliveira Machado.
Atualmente as Oficinas Pedagógicas funcionam nas seis escolas municipais de Imbé.

São salas equipadas com jogos pedagógicos confeccionados artesanalmente pelas oficineiras e baseados na teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner. A professora oficineira trabalha de maneira lúdica, através de jogos, com os alunos que apresentam dificuldade de aprendizagem na turma efetiva.
Os alunos frequentam as aulas na Oficina no turno inverso, tendo acesso através de ficha de encaminhamento preenchida pelo professor de classe, onde constam as dificuldades apresentadas pelo mesmo. As Oficineiras registram a frequência e realizam parecer descritivo do rendimento ao final de 12 horas aula na mesma ficha, entregando-as para a professora de classe e combinando quais alunos retornam para a Oficina. A supervisão da escola poderá acompanhar o desempenho dos alunos através das fichas de encaminhamento que ficarão arquivadas na Oficina.
O atendimento ao aluno é realizado em 3 horas semanais, sendo feito em duas vezes seguidas na semana, com duração de 90 minutos diários, totalizando 8 atendimentos mensais. Este encaminhamento será feito a partir da sondagem realizada pelo professor de classe durante o ano letivo.
Ao iniciar cada atendimento, é feito um planejamento da unidade com o objetivo de utilizar sempre jogos inéditos e que despertem a curiosidade do educando ao mesmo tempo em que atinja o objetivo de sanar a dificuldade mencionada na ficha de encaminhamento.
São trabalhados exclusivamente jogos e materiais lúdicos, que devem ser sempre novidade, de acordo com o planejamento da Oficina, explorando ao máximo cada jogo.
Os grupos são formados por, no máximo, seis alunos. Os alunos de 1º ano deverão receber três horas de atividades artísticas liberadoras com diferentes técnicas: trabalhos com argila, fantoches,desenhos, recortes, dobraduras, punção, maquetes, etc., para desenvolver a motricidade fina e três horas com trabalhos envolvendo a motricidade ampla (inteligência Cinestésico Corporal).
As Professoras Oficineiras tem um Diário, onde registram os alunos atendidos, os jogos usados e uma observação ao final de cada atendimento onde consta o máximo de informações sobre a aula.
Ao final do período de 8 atendimentos, é feita uma avaliação, onde é descrito as áreas de deficiência e/ou os objetivos atingidos, com clareza num relatório avaliativo.


Visite o blog da Oficina e encontre muitas ideias de jogos para sala de aula!
http://oficinapedagogica-maristela.blogspot.com/

Apenas Brincando

  
"Quando estou construindo com blocos no quarto de brinquedos,
por favor, não diga que estou apenas brincando,
porque enquanto brinco, estou aprendendo sobre equilíbrio e formas.
Quando estou me fantasiando,
arrumando a mesa e cuidando das bonecas,
por favor, não me deixe ouvir você dizer: ele está apenas brincando,
porque enquanto eu brinco, eu aprendo.
Eu posso ser mãe ou pai algum dia.
Quando estou pintando até os cotovelos,
ou de pé diante do cavalete, ou modelando argila,
por favor, não diga que estou apenas brincando,
porque enquanto eu brinco, eu aprendo.
Estou expressando e criando. Eu posso ser artista ou inventor algum dia.
Quando estou entretido com um quebra-cabeça ou com algum brinquedo na escola,
por favor, não sinta que é um tempo perdido com brincadeiras,
porque enquanto brinco, estou aprendendo.
Estou aprendendo a me concentrar e resolver problemas.
Eu posso estar numa empresa algum dia.
Quando você me vê aprendendo, cozinhando ou experimentando alimentos,
por favor, não pense que porque me divirto, é apenas uma brincadeira.
Eu estou aprendendo a seguir instruções e perceber as diferenças.
Eu posso ser um chefe algum dia.
Quando você me vê aprendendo a pular, saltar, correr e movimentar meu corpo,
por favor, não diga que estou apenas brincando.
Eu estou aprendendo como meu corpo funciona.
Eu posso ser um médico, enfermeiro ou um atleta algum dia.
Quando você me pergunta o que fiz na escola hoje.
E eu digo: eu brinquei.
Por favor, não me entenda mal.
Porque enquanto eu brinco, estou aprendendo.
Estou aprendendo a ter prazer e ser bem sucedido no trabalho.
Eu estou me preparando para o amanhã.
Hoje, eu sou uma criança e meu trabalho é brincar."
♥♥♥
♥♥

Fonte: http://baudeideiasdaivanise.blogspot.com

Projeto Anjo da Guarda

Projeto que fiz para trabalhar a leitura e a escrita de alunos do 3º e 4º anos.

PROJETO ANJO DA GUARDA
TEMA: Meu amigo é um anjo!
JUSTIFICATIVA: Em conversa com as professoras das turmas 3 º ano A e 4 º ano A, do turno da manhã, sobre o rendimento dos alunos, chegamos à conclusão de que a grande maioria deles apresenta ainda muita dificuldade na escrita e leitura. Ao escreverem, em geral, trocam letras e apresentam muitos erros ortográficos. Não conseguem criar histórias com sentido (início, meio e fim). A leitura é fraca e com pouca compreensão. É preciso ampliar as ideias. Por este motivo, este projeto surgiu para apoiar os trabalhos realizados pelas professoras em sala de aula e também na Oficina Pedagógica.
OBJETIVO: Desenvolver a leitura e escrita de forma descontraída e prazerosa, através do envio e recebimento de cartas, mensagens e bilhetes.
DINÂMICA: O professor escreve os nomes dos alunos em um papel e os deposita numa caixa. Cada participante sorteia um papel (como em um amigo secreto). Orientar o grupo que ninguém poderá retirar seu próprio nome. Se isso acontecer, refazer o sorteio.
Cada participante será o anjo daquele que sorteou e, portanto, também terá seu anjo. Os nomes não devem ser revelados.  O papel de cada anjo é escrever cartas para a pessoa sorteada, sem que esta perceba imediatamente quem é seu anjo. Lançar o desafio aos alunos: Quem consegue manter este segredo...
O aluno que escreve a carta não assina seu nome. Ele irá criar um nome de anjo, um nome fictício, para que possa manter seu segredo. Ex: Anjo Rafael, Anjo da Luz, etc. Só ele deve saber deste nome, não deve contar aos colegas qual é seu nome de anjo.

             As caixas “Correio dos anjos” ficarão na Oficina Pedagógica para que, durante o evento, os anjos se comuniquem por cartas e bilhetes. Serão duas caixas, uma por turma. O sigilo deve ser mantido.
 As professoras da sala de aula e da Oficina Pedagógica irão auxiliar os alunos na escrita, lembrando sempre de que o seu protegido deve entender o que está escrito na mensagem.
MATERIAIS: Caixas, folhas de papel, lápis, canetas, etc.
TEMPO DE DURAÇÃO: De 13 de outubro à 16 de novembro de  2011( 1 mês).
CULMINÂNCIA: Ao final, será feita a revelação, onde cada um tenta adivinhar quem é o seu anjo. Este encontro acontecerá na sala da Oficina Pedagógica.
AVALIAÇÃO: As professoras de sala de aula e da Oficina Pedagógica irão orientar os alunos na construção de suas cartas, observando o rendimento em relação à escrita, ortografia, leitura e compreensão.
Prof. Lizi - Oficina Pedagógica

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A indisciplina na visão do aluno

Meu artigo de conclusão do curso de Pedagogia... Agora publicado na  I Revista Científica de Pedagogia da Facos- Revista E-ped , Vol. 1, ano 1.



http//www.facos.edu.br/galeria/105092011083832.pdf



A indisciplina na visão do aluno


 Eliziane Gross da Silva1
1 Egressa do curso de Pedagogia da FACOS – CNEC/Osório. Artigo desenvolvido sob a orientação da professora Liége Westerman na disciplina de Seminário de Conclusão 2010/1.


 Facos / Cnec-Osório


Resumo:


O aluno mostra seu desinteresse através da fala e das atitudes cotidianas. Se o aluno não é ouvido ele busca formas de demonstrar sua maneira de pensar e seu descontentamento com as regras que lhe estão sendo impostas. Ele se recusa a entrar no ambiente escolar e nega o sistema e por isso é rotulado como um indisciplinado. Por isso a indisciplina pode ser entendida como um protesto dos alunos que se opõem às ideias e valores da escola. Ouvir os alunos e analisar suas falas é uma tarefa importante, significativa e muito gratificante, pois é assim que buscamos descobrir seus interesses e os significados que atribuem ao contexto vivenciado por eles, nos orientando de certa forma sobre o melhor caminho a seguir em nosso fazer pedagógico. O professor pode adotar uma postura de pesquisador, caminhando em parceria com o aluno.


 Palavras-chave:


 Indisciplina (na visão do aluno), discursos, saber ouvir.


 Abstract:


The student shows his disinterest through speech and everyday attitudes. If the student is not heard it seeks ways to demonstrate their thinking and their dissatisfaction with the rules that are being imposed. He refuses to enter the school environment and denies the system and is therefore labeled as an undisciplined. So the discipline can be understood as a protest by students who oppose the ideas and values of the school. Listening to the students and analyze their speech is an important task, significant and very gratifying, because that is how we seek to discover their interests and the meanings they attach to the living context for them, guiding us to some extent on the best way forward in making our pedagogical. The teacher can adopt a position of researcher, walking in partnership with the student.


 Keywords:


 Indiscipline (in view of the student), speeches, listening.


Introdução


Autores diversos nos falam sobre indisciplina na escola. Há diferentes visões sobre o assunto, soluções nem tantas. Alguns autores nos falam do papel do professor, dos pais ou dos gestores escolares diante de tais situações. Raramente se encontram obras que tenham uma base maior na visão do aluno, nas suas opiniões, anseios e desejos. Considera-se o ato de saber ouvir o aluno muito importante na busca de respostas a respeito da indisciplina na 65 escola. Segundo a maioria dos discursos dos professores atuantes, a indisciplina é o maior problema nas escolas atualmente e o mais difícil de ser contornado. Muitos profissionais buscam constantemente por respostas. Mas onde está a solução? Apesar das tantas teorias que existem ninguém sabe responder com muita certeza. Os principais "culpados" de um ato são sempre muito investigados, se criam inúmeras hipóteses para a causa, o porquê de ter agido de tal forma. A sociedade não aceita qualquer ato que não esteja dentro do perfil de "normalidade". Busca-se uma causa e talvez uma punição para tal. Os alunos, muitas vezes, são vistos desta forma na escola.
Então, se eles são os "réus", que sejam ouvidos no "tribunal". Talvez sejam absolvidos de seus atos, ou não. O que importa é que sejam ouvidos. Os alunos, os principais sujeitos da educação, podem ser os melhores pesquisadores de suas próprias "causas".
Com base nestas questões surge outra importante a ser discutida: quais os discursos dos alunos sobre o que é considerado pelos professores como indisciplina? Analisar estes discursos, promover grupos de discussão e debate sobre o tema da indisciplina na escola são os focos principais deste trabalho de pesquisa.
Muitas falas surgiram acerca do tema da indisciplina nas narrativas dos alunos. Ao longo do texto serão destacadas algumas delas, assim como a posição de alguns autores a respeito deste tema.
As narrativas descritas serão divididas em três itens para um melhor aprofundamento das questões analisadas.


 1. Ouvindo nossos alunos


 Gentzbittel (1993) nos fala do "mundo silencioso" dos alunos. Espera-se que todos tenham uma escolaridade tranquila, calma, silenciosa. Quando um aluno  manifesta uma diferença em seu modo de ser isso se torna uma patologia na escola. Há uma recusa muito vasta da sociedade em pensar a população escolar em sua diversidade. Eles são "anormais" porque contradizem o ato contínuo que se exige deles. Porém o aluno deve ser visto como um todo e não apenas por seus resultados nas disciplinas ou comportamentos "patológicos". A autora ressalta: Primeiro, a cegueira, que é, no sistema, se não a regra, pelo menos o costume: o corpo do aluno é negado, seu "trabalho" de desenvolvimento pessoal não é levado em consideração, presumem que seus ritmos coincidam com o do programa; suas fantasias, suas paixões, seus dramas são ocultados. Isso não é apenas daninho para os interessados. É impossibilitar a necessária e libertadora transmissão do saber (p.10). Ela também defende a "causa" dos alunos, conta inúmeras experiências que teve com eles, sempre ouvindo e procurando entender determinados comportamentos. Saber ouvir o aluno é o primeiro passo sempre. A trajetória escolar silenciosa é um modo que não pode ser imposto à maioria, já que só convêm a uma minoria.
Sheila Machado (2008), psicopedagoga e orientadora educacional, em seu artigo "
Gentzbittel (idem) diz que um aluno nunca é tal qual os pais e os adultos o veem. Talvez ele seja de um modo que nunca o viram. Entrar na escola, para muitos, pode ser como entrar em outro mundo e não há nada de natural nisto.
 A indisciplina em sala de aula", busca falar do assunto sob uma visão Piagetiana, do aprendizado através de contratos; dialogando com seu aluno o professor o respeita e promove relações positivas e a cooperação de todos, pois o professor mostra que honra com sua palavra, que sabe ouvir e entender seus alunos, mostrando a eles o quanto se preocupa e se interessa por suas opiniões e suas atitudes. E dessa forma os alunos melhoram também o rendimento escolar. O professor passa a se preocupar com a motivação de seus alunos, tendo maior compromisso com seu projeto pedagógico e as questões afetivas, obtendo dessa forma uma relação verdadeira com seus educandos.  Essa pode ser a razão da recusa dos alunos em ultrapassar os portões da escola. A autora afirma que "o sintoma de "base" que afeta muitos de seus "casos" é essa recusa, esse recuo. A tentação de cabular aula, a vacilação repentina diante da ideia do que aconteceria se não se empurrasse a porta (p.17)".
Para ela, os alunos têm a ideia de que entrar em um sistema, em uma sociedade, em uma ordem, é dar adeus a tudo que tem de atraente "lá fora".
Ana Luiza Perdigão (1995), uma das poucas autoras que reflete sobre a indisciplina com base na percepção dos alunos, faz uma relação de disciplina com a qualidade da aula e a forma como estimula a participação dos alunos:
 ...o aspecto novo que foi introduzido por essa fala é a participação dos alunos no direcionamento do trabalho em sala de aula. Aparece aqui o trabalho participativo, em que as decisões não cabem exclusivamente ao professor, mas são democratizadas junto com os alunos. Esse é um caminho que tem sido sugerido como possivelmente frutífero para a escola e já vem sendo adotado por professores isoladamente e por algumas escolas, particularmente no que se refere à disciplina. Trata-se de discutir e definir as regras junto com os alunos... (p.160).
Para esta educadora, desta forma os professores e a educação em si, contribuiriam positivamente para a formação de cidadãos mais ativos, participativos e críticos. E com certeza, mais felizes com a vida escolar.
Para este trabalho foi realizada uma pesquisa através de um estudo de caso com alunos de 4° e 5° anos, que participam de atividades extraclasse, oferecidas em turno inverso em uma escola do município de Imbé, constituindo grupos de debates a partir da proposição do filme
Do registro das narrativas dos alunos foram coletadas informações para a análise e escrita do artigo, utilizando-se de uma metodologia qualitativa de análise do discurso.
Ouvir os alunos e analisar suas falas é uma tarefa importante, significativa e muito gratificante, pois é assim que buscamos descobrir seus interesses e os significados que atribuem ao contexto vivenciado por eles, nos orientando de
Escritores da Liberdade. certa forma sobre o melhor caminho a seguir em nosso fazer pedagógico. Esse é um modo de buscar nossas respostas direto na fonte. O aluno é nossa fonte, seu conhecimento é puro, límpido e sincero como água. Ele é a base da educação, é por ele que existimos, sem ele não haveriam professores nem escolas. Devemos ouvi-los com atenção.
Os alunos, ao serem perguntados sobre serem ouvidos por seus professores fazem bastante barulho, discutem entre si e respondem:


A gente não pode falar nada, a professora "beltrana" é melhor porque faz brincadeiras e deixa a gente conversar, a professora "fulana só quer passar coisas no quadro".




Eles nunca escutam a gente. Eu queria que eles escutassem o que eu tenho pra falar.
Mas eles não deixam nem abrir a boca na sala. Nem trocar umas ideias com os amigos.


Os alunos, ao referirem-se a uma professora ou outra sempre dão preferência por aquela que "deixa conversar", que é mais acessível, ou seja, que ouve com mais freqüência. Os professores, de um modo geral, cobram o silêncio dos alunos e acreditam que se a turma for barulhenta serão vistos como maus professores ou como professores permissivos, sem autoridade. Os alunos por sua vez desprezam o silêncio, que os tenta aprisionar de todas as formas e escapam libertando suas falas de revolta e não aceitação.
Menegolla (1992) comenta a relação entre o aluno e o silêncio, referindo-se a dois inimigos, que vivem em constantes desentendimentos. Afirma:
Em verdade, na sala de aula, a palavra silêncio é a mais gritada, desprezada, desatendida, bradada e reclamada. Reclamada e suplicada pelos professores. Desprezada e incompreendida pelos alunos. Uns falam e a exigem, outros não a entendem nem a ouvem e ninguém a pratica. Ela é suplicada aos gritos e respondida aos urros (p.64).
 É difícil para o aluno aceitar ser o que ele não é, um ser imóvel e sem ideias. Como ficar quatro horas no suplicado silêncio escolar, sem manifestar suas vontades, sem sentir prazer neste lugar? Este lugar onde parece que só importa ser silencioso e obediente. Seus pensamentos, suas críticas, suas ideias inovadoras ficam silenciadas dentro de si mesmos, escondidas por receio de quebrar o querido e esperado silêncio.
Os alunos não devem ser encarados como meros ouvintes e aprendentes de conteúdos. Seu conhecimento deve ser compartilhado e comparado com o dos colegas para que aprendam de maneira conjunta, uns com os outros. As falas dos alunos podem ser pedras preciosas se forem bem trabalhadas pelo professor. Por que o silêncio? Porque é mais cômodo, mais fácil apenas ser ouvido e não ouvir. Ser o senhor da razão, que tudo sabe. Relações de poder que privam o aluno de desenvolver sua autonomia. As crianças não devem ser podadas, proibidas, devem sim ser incentivadas, motivadas. É preciso incluir ao invés de excluir. Crianças gostam de contar novidades sobre sua vida, sobre seus anseios e desejos. E isto pode ser usado positivamente pelo educador. O professor pode adotar uma postura de pesquisador, caminhando em parceria com o aluno, buscando as ideias dos alunos para dentro da sala de aula e do conhecimento.
Quando o aluno expressa que quer "trocar umas ideias com os amigos", ele demonstra que este é um momento de prazer, um momento divertido, de troca e de amizade. Quando o professor dá um pouco mais de liberdade em sala de aula para os alunos conversarem e interagirem, a aula fica muito mais prazerosa para eles, pois sentem-se mais livres e a escola passa a ser um lugar mais interessante e divertido. O professor, ao invés de proibir a conversa, pode integrar-se nela, participar junto com os alunos e descobrir o que é interessante para eles.


 2. E o que é incomodar?


Menegolla (1992) nos diz que o aluno muitas vezes nem sabe quem ele é e o que quer, por que é aluno, por que age desta ou daquela maneira, e qual será seu destino quando deixar de ser aluno. 
 Perguntados sobre o que é incomodar alunos respondem:


Todo mundo faz bagunça!




A sora manda ficar quieto e ninguém fica. Todo mundo fica assim ó (aponta para os colegas que estão fazendo bagunça).



Tem o fulano, o beltrano, etc... Eles jogam pedra!



A professora fala para ele "trabalhar" mas ele olha pra mim e vem "dar" em mim e eu não fiz nada pra ele.



O professor tem que botar ordem.


 Questionados sobre o porquê de fazerem essas "bagunças" as respostas são diversas:


Porque a gente não gosta das professoras. Elas são chatas.



Elas não gostam da gente.



A professora "fulana" só manda copiar e ficar quieto.



A aula é muito chata. É só ler e escrever, ler e escrever.


O aluno mostra seu desinteresse através da fala e das atitudes cotidianas. Se o aluno não é ouvido ele busca formas de demonstrar sua maneira de pensar e seu descontentamento com as regras que lhe estão sendo impostas. Ele se recusa a entrar neste ambiente e nega o sistema e por isso é rotulado como um indisciplinado. Por isso a indisciplina pode ser entendida como um protesto dos alunos, que se opõem às ideias e valores da escola.
Quem é este que, durante todo o tempo em que é aluno, cria e imagina toda uma série de esquemas, truques e artimanhas para tentar libertar-se do histórico pecado de ser aluno, manchando a sua original e imaculada alma de pessoa dimensionada para a vida, sem necessidade de ser aluno dirigido e comandado pela "bondosa" escola? (MENEGOLLA, 1992, p. 08) .
Nessa fase da vida, o corpo está à solta, os pensamentos "a mil por hora", na descoberta do mundo, das pessoas e de tudo o que cerca o aluno. A construção de um futuro digno e bom de viver está presente na vida da criança.  As limitações do corpo e do espaço são comuns. Por vezes, o aluno não sabe bem para onde ir, o que fazer. Mas ele sabe que não quer ficar ali parado em uma carteira escolar consumido pelo silêncio e pela aceitação de imposições.
A pergunta sobre a questão do respeito em sala de aula gera muitos gritos e discussão, um discorda do outro:


Ah! Eu tenho respeito, não brigo.



Ah! Eu tenho também.



Tem que respeitar os professores, mas ninguém respeita.



A gente não respeita porque ela sempre grita.



Ela grita porque todo mundo incomoda! E todo mundo incomoda, não adianta dizer que não.


Incomodar, segundo os alunos, é fazer barulho, pular, brincar, conversar. É fazer o que dá prazer. Se retornarmos ao nosso tempo de criança na escola, e relembrarmos os melhores momentos que tivemos, com certeza não lembraremos muito de textos que copiávamos ou de ditados de palavras repetidas que tantas vezes a professora teimava em passar, para que exercitássemos a memorização. Lembraremos sim, de atividades que foram significativas para nossa vida, como aquele jogo que o professor de história ensinou, como aquele dia em que saímos pelo bairro pesquisando os tipos de plantas existentes na nossa comunidade com a professora de ciências, e de tantas outras vezes que sentimos prazer em aprender. Lembraremos também como era bom dar aquelas "escapadinhas" para cochichar com os colegas. Como era prazeroso! A criança não vai pra escola feliz todas as manhãs porque vai aprender uma regra ou matéria nova naquele dia. Ela vai feliz porque lá irá encontrar seus amigos, aquela professora legal que sempre conversa com ela, lhe dá atenção e coisas divertidas e interessantes para fazer.  Ao retomar a questão do respeito, os alunos relatam uma situação de violência acontecida em uma outra escola da comunidade há algum tempo: O "bonde" dos caras foi lá para "pegar a prata" dele na hora da saída, mas como ele não quis entregar os caras bateram nele. Batiam de skate na cabeça, nas pedras, pra machucar mesmo.
A "prata" são as correntes que eles usam no pescoço. O cara que tiver mais "pratas" é o maior, que tem mais poder com a galera. É assim, quando alguém encomenda uma "prata" o bonde vai lá e faz o serviço. Os delinqüentes sociais são adultos que não aprenderam a ter limites na infância e por isso pensam que podem sair por aí fazendo o que querem. Eles não temem nem mesmo a polícia, pois não foram ensinados a ter respeito por ninguém. Para eles tudo é permitido, até matar por uma "prata", por um "status" de poder no seu grupo. Esses são os reflexos de uma educação baseada em conteúdos sem sentido. De que adianta aprender o português, a matemática, se não aprenderam a ter respeito por ninguém? Onde estão seus valores? A escola tem que preparar o aluno para a vida, para as relações humanas, instigando-o a pensar, refletir sobre o melhor caminho a seguir. Se o aluno aprende a pensar, tem sucesso na vida e também na aquisição de conhecimentos, pois sabe analisar o que é melhor para si e para o outro.
Celso Antunes (2000), ao analisar a Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner, nos diz que a criança ainda é vista pela escola apenas como um "aprendiz de conteúdos", sem o cuidado de priorizar suas habilidades. O autor diz que as matérias escolares deveriam gerar meios para que o aluno aprendesse a pensar, comparar, analisar, relacionar, criticar, entre outras habilidades.
A escola ainda precisa mudar e muito sua forma de enxergar o aluno e adquirir mais consciência do seu verdadeiro papel social. Apesar das muitas teorias que existem sobre múltiplas inteligências, relações humanas na escola e diferentes formas de compreender o aluno, na prática, a teoria é bem outra. Ainda há muito para ser feito pela educação nas escolas de nosso país. Ainda há muito que mudar na cabeça dos professores. Afinal, a mudança pode  acontecer a qualquer momento desde que se mude a maneira de pensar das pessoas e, conseqüentemente, a forma de agir.
Luiz Antonio Ryzewski (1998) diz que deveríamos pensar nos nossos alunos como nossos aconselhadores e não só como aconselhados. O "papo" pode fluir muito mais e eles serão todo ouvidos também. Se ficarmos nessa de "donos da pensão", seremos apenas os "pagadores das contas". Não adianta dar conselhos que entram em um ouvido e saem pelo outro, é preciso ser algo significativo. Alguém está "fazendo a cabeça" deles neste exato momento, e não é à força (mídia, colegas, etc.). É preciso conseguir "acesso", ser influenciador e não simulador de conhecimento.
Educação é tudo, é o futuro da sociedade. Precisamos de uma sociedade mais justa, então precisamos ensinar a justiça a nossas crianças. É através da construção de valores que podemos conseguir ir além.
Questionados sobre como seria uma aula interessante, em que gostassem de participar eles dizem:


 Não pode ter livro pra gente copiar, muito ruim.



Uns jogos professora! É legal!



Ah professora! E sobre esse negócio de copiar, no máximo 10 linhas, depois não.


Tinha que ser umas coisas diferentes.



Podia ser música! A professora "Beltrana" dá música e é legal!



Artes também! Artes eu gosto. A gente pintou e já fez um álbum também.



Que a gente possa ficar conversando mais, sabe assim, trocando umas ideias com os amigos.


Que tal fazer uma competição de cartinhas de personagens ao invés de proibir o jogo na sala de aula? A partir daí pode-se fazer uma pesquisa, descobrir a origem deste jogo, quem o inventou, como era no início, enfim. Mil ideias novas podem surgir. Com um simples jogo de sala de aula pode-se trabalhar a equipe, a expressão oral, as cores, as formas, os conceitos matemáticos, e ainda motivar nosso aluno.
Não é uma tarefa fácil para o aluno ficar quatro horas diárias sentado em uma cadeira da sala de aula apenas escrevendo o tempo todo. O mundo hoje é uma explosão de tecnologia, programas diversos de televisão,
O professor deve trabalhar a partir do interesse do aluno, sendo um problematizador, pesquisador, parceiro do aluno. games, Internet, sites diversos de relacionamento e chats. É um mundo colorido, divertido e prazeroso para as crianças e também para os adultos. Os alunos de hoje não querem mais apenas o básico, cópia e reproduções. Muitas vezes, a indisciplina em sala de aula pode ser uma forma que ele encontra de mostrar a sua reprovação à metodologia que vem sendo usada em sala de aula. É preciso inovar a forma de dar aula. Há uma competição diária entre a escola e as maravilhas do mundo globalizado e tecnológico. As aulas precisam ser criativas e encantadoras. Não podem ser elaboradas de acordo com uma lista exata de conteúdos, mas sim de acordo com os interesses dos alunos. Se a Internet lhes chama a atenção, a idéia é inseri-la nas aulas. Que tal aprender ortografia teclando com os amigos no chat? Deve ser bem mais divertido que antigamente! Os alunos de hoje não aceitam as aulas de antigamente. Cabe aos professores se atualizarem constantemente. O aluno só aprende e só demonstra interesse por aquilo que tem sentido para ele, para sua vida, para suas relações. Aulas divertidas e diferentes podem ter ótimos resultados, pois o aluno sentirá prazer em participar, em estar presente neste espaço, neste grupo de colegas e amigos.


3. E se não fossem obrigados a vir para a escola, quem, mesmo assim, viria? 


 E se vocês não fossem obrigados a vir para a escola, quem, mesmo assim, viria? E por que viria? Ao ser levantada esta questão, os alunos responderam:


Porque tem que estudar pra trabalhar.



É, até pra ser lixeiro tem que ter segundo grau.



Ah, eu gosto de estudar, escrever...


A verdade é que a escola, desta forma, baseada somente em conteúdos, não cativa os alunos. Eles ouvem o tempo todo que precisam estudar para ter um futuro, para passar no vestibular, para ser alguém na vida, ter um emprego decente. São cobrados o tempo todo por pais e por professores para que memorizem bem os conteúdos e tenham boas notas nas provas.
Menegolla (1992) nos diz que "aquele que é considerado apenas aluno, pouco ou nada sabe sobre seu futuro. Suas perspectivas se tornam incertas. O amanhã não o preocupa, nem mesmo o estimula para uma ação mais consciente no processo de auto-educar-se para a vida (p.10)". O autor se refere à forma como o aluno é tratado pela escola, como se fosse um carente, um subordinado a segundas intenções, um dependente. O aluno deve conhecer a diferença entre ser aluno e ser estudante consciente. Para que isso ocorra é preciso que a educação trate o "aluno" como um indivíduo com autonomia.
O verdadeiro "eu" do aluno deve ser valorizado, a forma singular de cada um, as diferenças que tornam o processo de aprendizagem bem mais interessante, a interação, a participação, os discursos. A escola pode ser um lugar bem melhor de se estar e conviver.
Ao debater com os alunos a questão da indisciplina, baseando-se no filme Escritores da Liberdade, surgiram muitas falas a respeito das famílias, das histórias de vida dos alunos envolvidos, das dificuldades ocorridas, a violência, o uso de drogas, falta da presença de pais ou mães ou de ambos, enfim. E surgiu, a partir destas conversas, a manifestação da vontade dos alunos  criarem diários sobre suas vidas, como acontece no filme. Com o apoio da orientadora escolar, que participou do debate, no intuito de ouvir também os alunos, foram distribuídos cadernos a cada um deles para que escrevessem sobre o que quisessem de suas vidas. A orientadora reservou um espaço de seu armário para que pudessem depositar seus diários quando sentissem vontade. Dessa forma eles poderiam ser "ouvidos" através de suas histórias. Na semana seguinte, muitos diários retornaram, alguns com histórias muito felizes, outros nem tanto, como a descrição no diário desta aluna:


 Quando eu era pequena meu pai me batia muito e batia na minha mãe também. Um dia ela tava grávida e ele bateu tanto nela que ela perdeu o bebê. Ele não trabalhava, era a minha mãe que trazia dinheiro pra comida e mesmo assim ele tirava tudo dela pra ir pro boteco beber. Ele mandava eu comprar cachaça pra ele no bar mas a minha mãe não deixava porque tinha muitos homens lá. Um dia quando minha mãe saiu ele mandou eu ir lá e na volta fui atropelada por uma moto. O cara fugiu e minha mãe tava chegando e chamou uma ambulância mas quando meu pai viu ele levou a gente pra casa e não deixou ninguém me socorrer. Minha mãe me pegou e fugiu, foi na polícia dar parte dele e a gente foi morar com a minha vó. A gente sofria muito.


O que vem ocorrendo nas escolas e na sociedade em geral é que, cada dia mais famílias estão sendo desconstruídas, ou talvez haja muitos outros novos conceitos de família presentes na realidade dos nossos alunos. Hoje em dia o papel da mãe vem sendo substituído pelas avós, tias, madrinhas, pais ou até por estranhos. Crianças que foram abandonadas quando bebês por suas mães, ou que a mãe está internada em uma clínica de recuperação de dependentes químicos, ou ainda, a mãe que deixa o filho para a avó criar e sai por aí a viver outra vida. Crianças sem pai nem mãe, que vivem em casas de passagem, que convivem diariamente com as drogas, com a violência doméstica, entre outros fatos. De onde essas crianças vão receber seus valores éticos e seus limites? Essas crianças, com famílias desestruturadas, geralmente são os "problemas" da escola, os "hiperativos", os "danados". Mas e aí, o que fazer? A escola então é que deve desempenhar este papel de realmente educar estes alunos para a vida, de mostrar-lhes que apesar dos problemas que enfrentam, é preciso que saibam conviver de forma agradável. É preciso que respeitem o direito dos outros para que tenham seus direitos respeitados. 
 A criança, desde o nascimento, convive com grupos sociais diversos. E precisa, desde muito cedo, já em seus primeiros meses de vida, adquirir certa inteligência moral, ou seja, ela deve ter consciência de que no mundo é preciso saber respeitar para que seja também respeitado, deve saber que tem seus direitos, mas também seus deveres. Para resumir melhor, a criança precisa ter limites bem estabelecidos. O primeiro e mais importante grupo social em que a criança está inserida é família. A partir daí partem suas concepções de mundo, suas ideias a respeito da vida, das relações. Inicia-se a construção da identidade da criança e de sua personalidade. Que tipo de pessoa ele será? Será uma pessoa boa ou má? Solidária ou egoísta? Depende de que tipo de relações e construções ele fará em sua vida. A família então tem nas mãos a oportunidade de inserir ou não uma disciplina na vida da criança. Para isto, a família precisa também ser de certa forma disciplinada. A criança observa o comportamento dos pais e segue seus exemplos. Se o pai disser que ele não deve falar palavrões, por exemplo, mas o pai falar, com certeza o filho também falará. Há um velho ditado que diz que "as palavras comovem, mas os exemplos arrastam". Os pais devem servir de exemplo para seus filhos.
A presença familiar é de extrema importância na construção da identidade da criança, principalmente na fase escolar. Família e escola devem estar sempre unidas, pois a criança é a mesma em todos os grupos, apenas age diferente de acordo com a forma em que vem sendo abordada. A criança deve ser vista e tratada como um todo e não como partes separadas. Deve ser respeitada e amada assim como deve respeitar e amar.
Como afirma Ryzewski(1998), "...princípios de vida, valores éticos sólidos, postura e civilidade, e um jeito saudável de ver a vida são absorvidos agora, sabe de quem? De quem for mais eficiente em dar o "recado". (p.11)
Os encontros com os alunos envolvidos na pesquisa tiveram continuidade e semanalmente o grupo se encontra com a orientadora para conversar sobre seus diários ou sobre outros assuntos que desejarem. Enquanto pesquisadora, continuo a acompanhar o grupo e me sinto realizada por ter contribuído de  forma positiva para o debate, os discursos e a construção de mais esse espaço ao aluno na escola.


4. Repensando...


O professor precisa repensar sua prática, atribuindo maior importância à vida cotidiana da criança, à comunidade, aos grupos sociais que existem à volta. A aprendizagem da criança não está limitada ao currículo escolar, mas a verdadeira aprendizagem está na vida de cada um. Afinal, o que nós, educadores, realmente queremos é preparar nossos alunos para a vida, com respeito, consciência, valores bem definidos, para a verdadeira cidadania.
A indisciplina e a falta de limites em sala de aula podem ocorrer por motivos diversos: família desestruturada, problemas neurológicos, aulas sem sentido e que não despertam o interesse dos alunos ou simples falta de limites. O papel do professor é observar e ouvir o seu aluno, buscando entender de onde vem esse comportamento indisciplinado, quais são as suas "causas", seus anseios, medos, desejos. A partir daí deve buscar o caminho certo para lidar com esse aluno, mostrando a ele a importância do respeito, da amizade, da solidariedade, dos valores humanos.
O professor precisa motivar o seu aluno, com aulas interessantes e agradáveis. Não transformar em dever o que pode ser feito com prazer. Reconhecer suas conquistas, elogiar, olhar para cada aluno de forma especial e singular, respeitando-o como ser humano que é, envolvendo-se no seu contexto de vida, ouvindo-o sempre e sendo um parceiro na busca de conhecimentos. A criança precisa se sentir segura, amada e respeitada. Como nos diz Ryzewski (1998) "... eles precisam de mais „treinadores de equipe‟ empolgados com seu time e menos promotores de justiça atentos para censurar e acusar." (p. 27)
Antunes (2000), nos fala da importância de se trabalhar na escola a alfabetização emocional, para que os alunos encontrem um espaço social para discutir amor, ódio, frustração, autoestima, autoconhecimento e outros conteúdos que não "caem" no vestibular, mas que são essenciais à vida.
O professor deve amar incondicionalmente sua profissão, pois só é possível desenvolver uma filosofia quando se acredita realmente nela. Muitas vezes damos grande valor ao aprendizado de regras, obtenção de conhecimentos, conquistas pessoais, sucesso na profissão e agimos como se esta fosse toda a razão para viver. Do que servirá tudo isto se não tivermos a capacidade de absorvermos felicidade da vida que temos? Saber usufruir a vida é básico. Estar de bem conosco mesmo e com a vida, e sermos felizes é a razão maior para se viver! (RYZEWSKI, 1998, p. 27) A escola precisa repensar sua prática, atribuindo maior importância à vida cotidiana da criança, à comunidade, aos grupos sociais que existem à volta. Quando o aluno é rotulado ele acaba se transformando naquilo que os discursos fizerem dele.
A escola e a família precisam andar juntas. A escola permanece um tempo significativo ao lado do aluno, mas a família é para vida a toda. É de onde vem a base de tudo. A aprendizagem da criança não está limitada ao currículo escolar, mas a verdadeira aprendizagem está na vida de cada um. O papel da escola é ter uma educação transformadora. Afinal, o que nós, educadores realmente queremos é preparar nossos alunos para a vida, com respeito, consciência, valores bem definidos, para a verdadeira cidadania. E ser cidadão, humano, é entender o outro. Como aconteceu nesta pesquisa, em que a orientadora escolar, ao ler o diário de uma das alunas e conhecer um pouco de sua vida de sofrimento e dor, emocionou-se e disse com lágrimas nos olhos: - E eu pensava que ela era indisciplinada!


 Referências
 ANTUNES, Celso. A construção do afeto. 3ª ed. – São Paulo: AUGUSTUS, 2000.
COLES, Robert.  Inteligência moral das crianças/ Robert Coles; tradução Sonia T. Mendes Costa. – Rio de Janeiro: Campus, 1998
GENTZBITTEL, Marguerite. A causa dos alunos/ Marguerite Gentzbittel e Hervé Hamon; (tradução Bertha H. Gurovitz).  – São Paulo: Summus, 1993

 MACHADO, Sheila Cristina de Almeida e Silva. A indisciplina na sala de aula. Janeiro/2008. Disponível em <http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/3730/a-indisciplina-na-sala-de-aula>. Acesso em: 12/03/2010.
MENEGOLLA, Maximiliano.  E agora aluno? – A escola em debate. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.
PERDIGÃO, Ana Luiza Rocha Vieira. A disciplina em sala de aula com base na percepção dos alunos. In: A causa dos professores/ Eglê Pontes Franchi (org.) – Campinas, SP: Papirus, 1995.

RYZEWSKI, Luiz Antonio. Afinal, o que fazer com eles? – 8ª edição- Porto Alegre, RS: LAR PUBLICAÇÕES, 1998.